quinta-feira, 23 de janeiro de 2014





INTERESTÉTICA  (Atividade 3 T-1) 

O conceito de interestética é desenvolvido como uma possibilidade para  se pensar na estética da contemporaneidade como uma estética híbrida que traz para seu interior inter-relações e interconexões, na ideai de interface, a qual explicita a mensagem e o conteúdo do trabalho artístico em meios digitais, ao mesmo tempo a interfase como descreve Weibel pode ser entendida como um processo de fluxo de informação, de troca, de “fronteiras compartilhadas”. É uma estética que rompe com qualquer ideia de fronteira rígida entre perto e longe, artificial e natural, real e virtual. Existem diferentes manifestações em projetos de telepresença, net-art, realidade virtual ou vida artificial.
Isto permite-nos repensar as relações sujeito/obra da produção artística na era digital.

Para refletir sobre o conceito de interestética, creio pertinente partir da escolha da obra de Dorothée Smith, "Cellulairement", produção de Le Fresnoy, Studio National des Arts Contemporains 2012.

" Cellulairement " por Dorothée Smith, é uma instalação de uma aparente complexidade que funciona em torno de um conceito simples: a fusão do calor de dois corpos distantes  misturados, mas sem contato. O espaço de trabalho é ocupado por um equipamento que inclui uma câmara térmica, que permite que os espectadores explorem as representações de si mesmos, sobre a quantidade de calor gerado. No entanto, esses dados técnicos são arquivados e enviados para o artista que recebe o calor do outro lado, dizem-nos, também que é implantado um chip eletrônico. A ideia de que podemos corresponder com outra pessoa através do calor do corpo para emitir sem realmente controlar a comunicação é interessante, porque a partir de uma distância muitas vezes implica remover filtros ou aceitar palavras, tanto quanto o silêncio. Enquanto aqui, podemos supor compartilhando o calor emitido, o qual nos mantém vivos, fundindo-se com outra pessoa, que se torna seu convidado ou hospedeiro.


"Cellulairement", (Celularmente), espectros de estudo, câmara térmica, microchips (implantados na artista a nível subcutâneo “microchipados”) e transferência de dados de celular subcutâneo.

Este projeto é acompanhado por um documentário termográfica e iPhonographique , e um website para smartphones : http://cellulairement.net

PROCESSO

" Cellulairement " (Celular-mente), pretende elucidar o sentimento do medo, através da figura da identidade de espectro resíduo, caracterizado por uma visibilidade invisível, capaz de existência desencarnada (imaterial). Cabe ao artista transformar o seu próprio espectro, receptáculo do corpo, para o desenvolvimento de um dispositivo que permita que ele seja ocasionalmente assombrado por todos os visitantes da exposição.

Dorothy Smith questionada pela identidade da questão de seus restos, pergunta-se: podemos sobreviver à perda do nosso próprio corpo ? De que forma você pode manter o controle de uma organicidade ausente brilhante ? O desafio aqui não é para conjurar os fantasmas da imaginação, no espectro do sobrenatural, mas para seguir o curso, cinco vezes uma pegada biológica " assombra ", literalmente, o corpo de outro .


Passo 1: retrato térmico do visitante, capturado por uma câmara infravermelha é projetada sobre sua imagem corporal, tornando visíveis as ondas de calor do assunto, é uma pegada biométrico único e inalienável .

2 º tempo: treze pontos quentes são capturados sobre o visitante e em seguida, transmitidos para o artista equipado com um microchip sob a pele que lhe permite incorporar o espectro do visitante, e transmissores térmicos colocados em seu corpo , permitindo-lhe sentir a presença de visitantes em tempo real.

3 ª vez : dados térmicos do artista assombrado pelo visitante são recuperados através de uma série de sensores e enviados para um banco de dados de espectros inventariados e disponíveis no site do projeto, em tempo real.

4 ª vez (em desenvolvimento): um microchip implantável contendo dados biométrico -espectral do artista é dado através do site, os visitantes que desejam ser assombrados por ele.


Imaginemos uma experiência de limite, que te leva a frontera, onde estas, perante a ameaça de seu desaparecimento no meio de biotecnologia de resistência. O experimento produze um movimento dialético duplo: o dispositivo especular confronta o visitante com um autorretrato único ao usar o chip no despossuído, alienando a intimidade do artista. Embora alimentada principalmente por fantasias de ficção científica, que é um projeto de telepresença, hoje alimenta as esperanças de tecno-sonhadores, que veem a possibilidade de armazenar um extrato de sua substância, e funcionar como um avatar.

Mas além da imaginação levada por esta biologia desnaturalizada é a possibilidade de uma consciência desterritorializada que está em questão: a identidade é um objeto como outro qualquer?, Indiscutivelmente uma ontologia do traço?, Imitando o procedimento experimental, onde Dorothy Smith percebe totalmente e interpreta nas margens indeterminadas de ciência e filosofia. Concebido como uma poesia puramente especulativa, a proposta descobre um paraíso virtual para a identidade de um corpo desconstruído .

Podemos ver claramente na obra "Cellulairement", como a interestética que esta ligada ao carácter híbrido na constituição e formalização da obra, no fluxo de informação e as inter-relações e interconexões, na troca de informação e de fronteiras compartilhadas, esta completamente imersa nesta obra, onde o real e virtual o artificial e natural existem, coabitam, ela própria esta inserida numa interface total, onde o artista e o público compartilham e fazem parte da obra, na qual a tecnologia e meios digitais tem uma parte essencial na produção do projeto, sem a qual seria impossível realizar-lha.

A obra nos leva a refletir sobre as possibilidades da estética na contemporaneidade, pois é uma estética que rompe com qualquer ideia de fronteira rígida entre perto e longe, artificial e natural, real e virtual, e a conexão e o fluxo de informação, é utilizada numa instalação que nos leva ao limite, num movimento dialéctico a rever essa imagem ao vivo mas não presente nesse espaço determinado e ainda que é misturado com nós (o receptor, o público), para criar uma nova imagem de nós próprios (do receptor, do público), coabitando com o reflexo sensorial (neste caso do calor) do artista, em nosso próprio reflexo de dados, a li então entra o processo de desconstrução da imagem a partir dos dados extraídos e a construção com os dados em fusão. A obra que de pende do espetador para existir, onde a interconexão é total entre artista e espectador, também nos leva a proposta de descobrir um paraíso virtual para a identidade de um corpo desconstruído.

Hernando Urrutia



Este projeto foi uma parceria com a equipa 2XS projeto de CNRS, IRCICA e Lille 1 Universidade (investigação). 2XS/POPS (IRCICA Laboratório CNRS / Université Lille 1). Equipa: Emmanuel Debriffe (produção), Thomas Vantroys (Team 2XS / IRCICA, programação RFID), Adrien Fontaine (Programação Kinect), Michel Peneau / Mmind (desenvolvimento web e design gráfico), Zelia Smith (Opéra de Lyon, design têxtil).



- Priscila Arantes, Arte e Mídia: Perspetivas da arte Digital - Em Busca de uma Nova Estética, Tese de doutorado, São Paulo: Programa de Pós-graduação em Comunicação e Semiótica da PUC-SP, 2003
- "Cellulairement", Dorothée Smith – vídeo da instalação. [Online]. disponível:  https://vimeo.com/50598914 
- "Cellulairement", Dorothée Smith – vídeo da instalação. [Online]. disponível:  http://www.youtube.com/watch?v=khmX5PkPKbo#t=217
- Dorothée Smith - website. [Online]. disponível: htt://www.dorotheesmith.net
- Panorama Élasticité – Le Fresnoy – Studio National des Arts Contemporains - website. [Online]. disponível: htt://www.panorama14.net/net/181/cellulairement-panorama-14
- MediaArtDesign.net - website. [Online]. disponível: http://www.mediaartedesign.net/EN_pan12.html


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